Era só mais um ano, tanto faz.
Estava fadada a ficar ali, mais uma vez.
Estava se lastimando por não ter feito nada de diferente.
Ainda não era tarde demais, mas preferiu ficar observando vagarosamente a lentidão com que morria, quieta.
Queria viver, mas já tinha escolhido outra coisa.
Tic, tic.
Era o tilintar da chuva que anunciava a morbidez a que se prendia, zumbido irritante.
De bruço sob a janela contemplava a vista vazia em que se esvaia
Todos os seus sonhos.
9 Crimes - Damien Rice
sábado, 29 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Temor
Foi quando viu o horror que se fez dela: Era ela mesmo em um frasco pequeno o qual ela odiava.
Seu cheiro, sua insignifância, seu conteúdo.
Que escolha teria? Não tinha.
Era isso que a estremecera.
Seu cheiro, sua insignifância, seu conteúdo.
Que escolha teria? Não tinha.
Era isso que a estremecera.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Roy
Para aqueles que o conheceu - os amigos - chamamo-lo Roy.
Para outros ele era conhecido, enquanto que horripilados, Toxic Roy.
Ele adorava amoníaco e amianto,
e muita fumaça de cigarro.
O que ele respira no ar,
faria as outras pessoas se engasgar!
Seu brinquedo mais favorito era uma lata de spray aerosol,
Ele se sentava calmamente e esguichava o emprei em sí
Todos os dias.
Ele espreitava dentro da garagem no início da geada manhã,
À espera do carro arrancar e encher-o com o exaustor.
Eu nunca vi chorar Toxic Boy,
A ùnica vez somente foi quando um cloreto de sódio caiu de seu olho.
Um dia, para pegar ar fresco, colocaram-o no jardim
Seu rosto ficou mortalmente pálido e seu corpo começou a endurecer.
O último suspiro, de sua curta vida, fora doente e desesperado
"Quem imaginou que você poderia morrer ao respirar ao ar livre?"
Quando a alma de Roy deixou seu corpo, todos nós fizemos uma oração silenciosa.
E, esvoaçando ao céu, ele deixou um buraco na camada de ozônio.
Para outros ele era conhecido, enquanto que horripilados, Toxic Roy.
Ele adorava amoníaco e amianto,
e muita fumaça de cigarro.
O que ele respira no ar,
faria as outras pessoas se engasgar!
Seu brinquedo mais favorito era uma lata de spray aerosol,
Ele se sentava calmamente e esguichava o emprei em sí
Todos os dias.
Ele espreitava dentro da garagem no início da geada manhã,
À espera do carro arrancar e encher-o com o exaustor.
Eu nunca vi chorar Toxic Boy,
A ùnica vez somente foi quando um cloreto de sódio caiu de seu olho.
Um dia, para pegar ar fresco, colocaram-o no jardim
Seu rosto ficou mortalmente pálido e seu corpo começou a endurecer.
O último suspiro, de sua curta vida, fora doente e desesperado
"Quem imaginou que você poderia morrer ao respirar ao ar livre?"
Quando a alma de Roy deixou seu corpo, todos nós fizemos uma oração silenciosa.
E, esvoaçando ao céu, ele deixou um buraco na camada de ozônio.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Maria Maculada
Profanou-a com seu consentimento.
Depois veio a dizer na cidade que era mera formalidade de rapaz renomado, plebeu.
Mas era um errante.
Suas calúnias eram apenas um embuço para moças de boa fé - como ela - de sua devassidão, sua libertinagem discarada e seu vilipêndio. Vilipêndio de amores de outrora, vilipêndio de si.
Mas ela era inexperiente, não entendia.
Se a disessem tamanhas injurías defenderia o amado como a mãe loba defende os seus filhotes, mas sem a força agreste e feroz que tais animais possuem, não, nada disso a pertencia. Negaria, cairia em descaso. As pessoas são maldosas, sentem prazer em desmantelar a felicidade de todos que vêem.
Preferia suas rendas, seus sonhos bordados de criança, as juras espúrias que ele roubara dos poucos livros que lera.
Cairia em desgosto mais tarde, o veria na praça, envolto por um realce acetinado, refletido a luz do sol que assemelhava-se a um vestido de moça. Era uma cintura atada a dele e não era a dela. Demorou a entender que não era, de fato, ela. Pensara por alguns segundos ter sonhado, mas acordara à risadas dos dois amantes.
Tinha ânsia de choro, mas enguli-o. Por minutos pensou o que teria feito de errado.
Caiu em desdouro.
Sentiu asco não dele, mas da juventude.
Quis-lhe arracar a face, os anos. Não conseguira.
Não suportaria ser jovem. Não suportaria amar.
Estava repleta de desonra e vergonha.
Sua ingênuidade é que a matara.
Depois de um tempo ainda era a Maria igênua da cidade. Maria Maculada. E achava graça, não sabia bem de português.
Depois veio a dizer na cidade que era mera formalidade de rapaz renomado, plebeu.
Mas era um errante.
Suas calúnias eram apenas um embuço para moças de boa fé - como ela - de sua devassidão, sua libertinagem discarada e seu vilipêndio. Vilipêndio de amores de outrora, vilipêndio de si.
Mas ela era inexperiente, não entendia.
Se a disessem tamanhas injurías defenderia o amado como a mãe loba defende os seus filhotes, mas sem a força agreste e feroz que tais animais possuem, não, nada disso a pertencia. Negaria, cairia em descaso. As pessoas são maldosas, sentem prazer em desmantelar a felicidade de todos que vêem.
Preferia suas rendas, seus sonhos bordados de criança, as juras espúrias que ele roubara dos poucos livros que lera.
Cairia em desgosto mais tarde, o veria na praça, envolto por um realce acetinado, refletido a luz do sol que assemelhava-se a um vestido de moça. Era uma cintura atada a dele e não era a dela. Demorou a entender que não era, de fato, ela. Pensara por alguns segundos ter sonhado, mas acordara à risadas dos dois amantes.
Tinha ânsia de choro, mas enguli-o. Por minutos pensou o que teria feito de errado.
Caiu em desdouro.
Sentiu asco não dele, mas da juventude.
Quis-lhe arracar a face, os anos. Não conseguira.
Não suportaria ser jovem. Não suportaria amar.
Estava repleta de desonra e vergonha.
Sua ingênuidade é que a matara.
Depois de um tempo ainda era a Maria igênua da cidade. Maria Maculada. E achava graça, não sabia bem de português.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Os Miseráveis
"A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das tentações, a
fornalha dos sonhos, o antro das ideias de que temos vergonha; é o
pandemônio dos sofismas, o campo
de batalha das paixões. Experimentem, em certas horas, penetrar através
da face lívida de um ser humano que reflete, olhar no seu íntimo,
observar sua alma e examinar essa escuridão. Ali, sob o aparente
silêncio, há combates de gigantes como em Homero, batalhas de dragões e
hidras e nuvens de fantasmas como em Milton, visões de espirais como em
Dante.
Que coisa mais sombria é esse infinito que todo homem leva em si mesmo, pelo qual desesperadamente mede os desejos do seu cérebro e as ações da sua vida!"
- Victor Hugo em "Os Miseráveis", pág 217.
Que coisa mais sombria é esse infinito que todo homem leva em si mesmo, pelo qual desesperadamente mede os desejos do seu cérebro e as ações da sua vida!"
- Victor Hugo em "Os Miseráveis", pág 217.
Diário 4 - Por entre as folhas de 2010... ainda.
Segunda-feira, 20 de dezembro de 2010, 02:32
(0 de paciência)
É tão estreito...
vai cortando aos poucos.
Acumula
de dentro pra fora.
Corroendo a paciência
e derretendo o nosso amor.
E iremos continuar morrendo
até que seja
muito,
muito,
muito,
para que possamos suportar.
Os mundos colidem
e você sabe,
é pura indecência
que escondo.
Diário 3 - Por entre as folhas de 2010
Sábado, 18 de Dezembro de 2010, 18:37
Isso não parece tão mal
e só parece.
Não é o fim do mundo
mas é o meu fim?
Diário 2 - Por entre as folhas de 2010
Domingo, 12 de Dezembro de 2010, 3h.
E há quem dói mais?
Com o que eu fiz, eu não podia esperar outra reação.
Não podia ser diferente do que foi.
Não podia ser diferente do que foi.
Eu não pedi para que fosse.
Eu simplesmente pedi isso.
E agora me recuso.
Ah, eu mesma me fiz mal...
Eu sempre me faço mal.
Estou brava
com algo,
com a situação
com ele
e também poderia ficar brava comigo por nunca conseguir medir as consequências
mas não,
porque não me sobra muito espaço para ficar mais.
Há tanta tristeza,
tanta confusão
que não há mais espaço para tristezas a mim mesma.
Não há mais espaço para mim.
Não há mais espaço para outro.
Há um escuro,
uma cama
e um vazio.
Um piano,
uma voz
e uma invalidez.
E então lárgrimas,
em um rosto sujo.
Em uma pessoa suja.
Tantos lados,
tantas dores.
Um só motivo.
E há quem dói mais?
Doa a quem doer.
Porque quando tudo tiver acabado...
Há quem ainda irá doer?
Diário 1 - Por entre as folhas de 2010
Por entre as folhas velhas de um diário imundo destina a um amor tão desmerecido em uma Quinta-feira, 9 de dezembro de 2010, 3h da manhã.
Eu não fui feita para isso.
T.
Desculpa. A palavra que sobra.
Desculpa. A palavra que sobra.
A única coisa que eu queria agora era poder te dizer
algo.
Nem que pequeno,
nem que mal colocado,
nem que inútil,
mas algo.
Tão fraca no silêncio
costumeiro.
Palavras:
trancadas
pela metade
faltando
Sentimentos:
mudos
injustos
tão confusos
E a única coisa que eu sei é que sou, de fato, besta.
Porque é assim comigo?
Porque eu não posso estar simplesmente satisfeita?
Porque há sempre dúvidas,
coisas não claras,
palavras trancadas?
coisas não claras,
palavras trancadas?
E são elas,
submersas nessa falta de expressão
que me empurram cada vez mais para baixo.
submersas nessa falta de expressão
que me empurram cada vez mais para baixo.
E eu vou afundar.
Meu deus, eu vou afundar!
Farei tanta coisa errada um dia
que não há de ter nada mais para errar.
que não há de ter nada mais para errar.
E quando eu realmente chegar ao meu limite?
E eu já cheguei?
Me avise quando eu tiver parado de respirar.
Ou eu já parei?
Eu não fui feita para isso.
Eu não fui feita para o amor.
Eu não fui feita DE amor.
E é por isso que eu sofro por ti.
Tua situação minusiosa.
Que dor, amor.
Eu não te mereço.
E o que tu fazes aqui?
E o que tu fazes aqui?
Eu me perdo
nos meus pensamentos,
nos meus pensamentos,
nos meus sentimentos não sentidos,
na minha hipocrisia,
na minha falta de mim,
na minha falta de ti
... e tu ainda seguras a minha mão.
Que dor, amor.
Eu não te mereço
e tu ainda seguras a minha mão...
Quem vai saber...?
Fazer por merecer.
Quem consegue?
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