Profanou-a com seu consentimento.
Depois veio a dizer na cidade que era mera formalidade de rapaz renomado, plebeu.
Mas era um errante.
Suas calúnias eram apenas um embuço para moças de boa fé - como ela - de sua devassidão, sua libertinagem discarada e seu vilipêndio. Vilipêndio de amores de outrora, vilipêndio de si.
Mas ela era inexperiente, não entendia.
Se a disessem tamanhas injurías defenderia o amado como a mãe loba defende os seus filhotes, mas sem a força agreste e feroz que tais animais possuem, não, nada disso a pertencia. Negaria, cairia em descaso. As pessoas são maldosas, sentem prazer em desmantelar a felicidade de todos que vêem.
Preferia suas rendas, seus sonhos bordados de criança, as juras espúrias que ele roubara dos poucos livros que lera.
Cairia em desgosto mais tarde, o veria na praça, envolto por um realce acetinado, refletido a luz do sol que assemelhava-se a um vestido de moça. Era uma cintura atada a dele e não era a dela. Demorou a entender que não era, de fato, ela. Pensara por alguns segundos ter sonhado, mas acordara à risadas dos dois amantes.
Tinha ânsia de choro, mas enguli-o. Por minutos pensou o que teria feito de errado.
Caiu em desdouro.
Sentiu asco não dele, mas da juventude.
Quis-lhe arracar a face, os anos. Não conseguira.
Não suportaria ser jovem. Não suportaria amar.
Estava repleta de desonra e vergonha.
Sua ingênuidade é que a matara.
Depois de um tempo ainda era a Maria igênua da cidade. Maria Maculada. E achava graça, não sabia bem de português.
Beautiful!
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