9 Crimes - Damien Rice

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Os Miseráveis

"A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das tentações, a fornalha dos sonhos, o antro das ideias de que temos vergonha; é o pandemônio dos sofismas, o campo de batalha das paixões. Experimentem, em certas horas, penetrar através da face lívida de um ser humano que reflete, olhar no seu íntimo, observar sua alma e examinar essa escuridão. Ali, sob o aparente silêncio, há combates de gigantes como em Homero, batalhas de dragões e hidras e nuvens de fantasmas como em Milton, visões de espirais como em Dante. 
Que coisa mais sombria é esse infinito que todo homem leva em si mesmo, pelo qual desesperadamente mede os desejos do seu cérebro e as ações da sua vida!" 

- Victor Hugo em "Os Miseráveis", pág 217.

Diário 4 - Por entre as folhas de 2010... ainda.

Segunda-feira, 20 de dezembro de 2010, 02:32

(0 de paciência)


É tão estreito...
vai cortando aos poucos.
Acumula
de dentro pra fora.
Corroendo a paciência
e derretendo o nosso amor.
E iremos continuar morrendo
até que seja 
muito, 
muito, 
muito,
para que possamos suportar.

Os mundos colidem 
e você sabe, 
é pura indecência 
que escondo.

Diário 3 - Por entre as folhas de 2010

Sábado, 18 de Dezembro de 2010,  18:37

Isso não parece tão mal
e só parece.

Não é o fim do mundo
mas é o meu fim?
 

Diário 2 - Por entre as folhas de 2010

Domingo, 12 de Dezembro de 2010, 3h.

Com o que eu fiz, eu não podia esperar outra reação.
Não podia ser diferente do que foi.
Eu não pedi para que fosse.

Eu simplesmente pedi isso.
E agora me recuso.
Ah, eu mesma me fiz mal... 
Eu sempre me faço mal.

Estou brava
com algo, 
com a situação
com ele
e também poderia ficar brava comigo por nunca conseguir medir as consequências
mas não,
porque não me sobra muito espaço para ficar mais.
Há tanta tristeza, 
tanta confusão
que não há mais espaço para tristezas a mim mesma.
Não há mais espaço para mim.
Não há mais espaço para outro.

Há um escuro, 
uma cama 
e um vazio.
 Um piano,
uma voz
e uma invalidez.
E então lárgrimas, 
em um rosto sujo. 
Em uma pessoa suja.

Tantos lados, 
tantas dores. 
Um só motivo.

E há quem dói mais?

Doa a quem doer.
Porque quando tudo tiver acabado...
Há quem ainda irá doer?

Diário 1 - Por entre as folhas de 2010

Por entre as folhas velhas de um diário imundo destina a um amor tão desmerecido em uma Quinta-feira, 9 de dezembro de 2010, 3h da manhã.

T.
Desculpa. A palavra que sobra.

A única coisa que eu queria agora era poder te dizer
algo.
Nem que pequeno,
nem que mal colocado,
nem que inútil,
mas algo.

Tão fraca no silêncio
costumeiro.

Palavras:
trancadas
pela metade
faltando

Sentimentos:
mudos
injustos
tão confusos

E a única coisa que eu sei é que sou, de fato, besta.
Porque é assim comigo?

Porque eu não posso estar simplesmente satisfeita?
Porque há sempre dúvidas, 
coisas não claras, 
palavras trancadas?
E são elas, 
submersas nessa falta de expressão 
que me empurram cada vez mais para baixo.
E eu vou afundar.
Meu deus, eu vou afundar!
Farei tanta coisa errada um dia
que não há de ter nada mais para errar.
E quando eu realmente chegar ao meu limite?
E eu já cheguei?
Me avise quando eu tiver parado de respirar.
Ou eu já parei?

Eu não fui feita para isso.
Eu não fui feita para o amor. 
Eu não fui feita DE amor.

E é por isso que eu sofro por ti.
Tua situação minusiosa.
Que dor, amor.
Eu não te mereço.
E o que tu fazes aqui?

Eu me perdo 
nos meus pensamentos,
nos meus sentimentos não sentidos,
na minha hipocrisia,
na minha falta de mim,
na minha falta de ti
... e tu ainda seguras a minha mão.
Que dor, amor.
Eu não te mereço
e tu ainda seguras a minha mão...

Quem vai saber...?

Fazer por merecer.
Quem consegue?